segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um pouco de Caio Fernando Abreu...

"O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS de se ter quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a), mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER."

"Eu ando muito infeliz, Duda, este é um segredo que conto só para você: eu tenho achado, devagarinho, cá dentro de mim, em silêncio, escondido, que nem gosto mais muito de viver, sabia? "

"Não que estivesse triste, só não sentia mais nada"

"Às vezes dá vontade de desistir de tudo, não sair mais de casa, dormir e dormir. Acabo sempre acordando cedo no dia seguinte, continuando tudo da mesma forma, na verdade não sei bem pra quê."

''Confesso! Às vezes tenho vontade de sair por ai destruindo corações, pisando em sentimentos alheios ou sei lá, alguma coisa que me faça realmente merecer esse meu sofrimento no amor.”

"Não é triste? perguntou. Você não se sente só? (...) sorriu forte: a gente acostuma."

"...Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio."

"E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros."

"Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem.


Amém!"

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pétalas Brancas

              Era domingo, e como sempre digo: “Eu poderia estar dormindo”, mas não...Estava indo ao trabalho. No caminho até o ponto de ônibus, o sono e a tristeza matinal, predominavam. Eu, colorida, num dia ensolarado, como se meu vestido transparecesse o que estava dentro de mim. Queria que fosse verdade, mas não era. Nesse dia em especial, não. Ah seria bom estar em paz!

Paz e amor tipo Woodstock, ou a paz de Jesus, ou quem sabe ainda as duas coisas (vai ver é tudo igual) Enfim...Só queria paz! E pedia isso a Deus. Pedia ajuda.Mas dentro de mim, só tinha amor. (Aquele outro lado obscuro do amor) Amor não correspondido, desprezo, silêncio e solidão.
Sentei num banco, para esperar o ônibus. Sentia meu estômago queimar: Náuseas de um coração machucado, com saudade e vontade de esquecer. Dor. Aquela dor linda e poética que inspirou muita gente que eu gosto. Caio F., por exemplo. E como ele dizia: “ Que ridícula a minha dor, comparada a dela...” Ele se referia à dor sujinha de uma prostituta. E eu me refiro à dor de todo mundo. Todo mundo que passa fome, sem teto, sem nada...(À dor de um homem em especial...Um homem que eu vi há algum tempo, na fila de um supermercado, pedindo ajuda para pagar uma lata de leite...) E eu...Com casa, comida, roupa lavada e com o carinho da minha família, e mesmo assim me sentindo abandonada e não menos culpada por isso. Não aceitava a condição de estar sentindo aquilo.
Dez minutos esperando o ônibus, eu e meus pensamentos angustiantes...E as pessoas “felizes” na padaria “Bom dia!”. Até que, uma borboleta veio em minha direção. Logo pensei: Como queria me sentir livre assim...
Ela pousou no meu pé! Pela primeira vez, eu não senti medo (sim, tenho medo de borboleta) E lá ela ficou...Fiquei observando-a, ela era uma daquelas borboletas pequenas, de asas brancas, como pétalas.
Quando olhei pra dentro, não sentia mais nada. Estranho...Meu estômago não queimava mais. Só meu coração batia diferente, aliviado. Como se aquela borboleta fosse Deus. Deus tentando me mostrar que a paz já estava dentro de mim, só faltava eu encontrar. Aí dei uma balançada de leve com meu pé, e a borboleta saiu. Ficou no chão. Não voava. Por um momento achei que estava morta, até fiquei chateada. Mas depois ela mexeu as asas.
Após vinte minutos, finalmente o ônibus passou. O velho conhecido motorista, sorriu para mim, e eu retribui com um Bom Dia, paguei ao cobrador, e sentei pensando na borboleta que ficara lá no chão.E pra minha surpresa, quando coloquei minha bolsa no colo, ela estava lá! A borboleta branca!
Talvez ela tenha se encantado com a minha bolsa colorida (pensando que fosse um jardim), e só. Já os místicos diriam que era um sinal. Um sinal de paz. De que a paz está comigo. Que eu sou um ser de luz...
Não sei, talvez...Só sei que me senti em paz e feliz naqueles 15 minutos no ônibus até chegar ao trabalho. Dei um leve toque na bolsa para a borboleta voar, e ela ficou na janela, observando as ruas vazias de domingo. Procurando alguém colorido como eu. E eu desci do ônibus, na esperança de que um dia, meu vestido resplandeça tudo o que há dentro de mim.
                                                                                                                                         08/02/2011