quinta-feira, 5 de maio de 2011

Nuvens

Um pouco de Fernando Pessoa...Quero dizer: Álvaro de Campos!
No dia triste o meu coração mais triste que o dia...




Obrigações morais e civis?


Complexidade de deveres, de conseqüências?


Não, nada...


O dia triste, a pouca vontade para tudo...


Nada...


Outros viajam (também viajei), outros estão ao sol


(Também estive ao sol, ou supus que estive).


Todos têm razão, ou vida, ou ignorância simétrica,


Vaidade, alegria e sociabilidade,


E emigram para voltar, ou para não voltar,


Em navios que os transportam simplesmente.


Não sentem o que há de morte em toda a partida,


De mistério em toda a chegada,


De horrível em iodo o novo...






Não sentem: por isso são deputados e financeiros,


Dançam e são empregados no comércio,


Vão a todos os teatros e conhecem gente...


Não sentem: para que haveriam de sentir?






Gado vestido dos currais dos Deuses,


Deixá-lo passar engrinaldado para o sacrifício


Sob o sol, álacre, vivo, contente de sentir-se...


Deixai-o passar, mas ai, vou com ele sem grinalda


Para o mesmo destino!


Vou com ele sem o sol que sinto, sem a vida que tenho,


Vou com ele sem desconhecer...






No dia triste o meu coração mais triste que o dia...


No dia triste todos os dias...


No dia tão triste...




(Álvaro de Campos)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Diálogo

-Estranho...Muito estranho!


-Como pôde acontecer? (mas já era de se esperar)


-E agora?


-E agoraaaa??


-Loucura, loucura.


-A distância atrapalha e me seduz.


-Por que?


-Ahh...Paixão!


-Tem explicação?


-Não.

sábado, 19 de março de 2011

Hippie

A pessoa que escreveu, nem deve lembrar que escreveu! hahaha
Foi numa brincadeira, mas eu guardei:

Se todas as pessoas fossem hippies




Não teríamos raios laser


Flores brotariam de todos nós


As canções caminhariam ate nós


Nos perguntaríamos


Tristeza? Ham?


O que é isso bixo?


As ruas seriam tomadas de cor


As ruelas não seriam frias


Aquele cheiro agradável tomaria conta


E ninguém teria de pagar as contas


Não existiriam políticos


Só teríamos exércitos de flores


Se todas as pessoas fossem hippies


O mundo estaria salvo


O sol brilharia para sempre


E todos cantariam alegres a canção.
Gil

sábado, 12 de março de 2011

Irracional com razão!

Sou a minha mente, e ela me leva pra onde quer.



Não sei pra onde ela me levará hoje. Pode ser que me leve para o paraíso, ou para o inferno.Não sei...


Sou o meu coração, e ele bate involuntariamente.


E por quem ele irá disparar hoje?


Também não sei...


Talvez por um desconhecido no metrô, ou por um velho amor mal resolvido...Mas não ficará um dia se quer sem ultrapassar o ritmo sinusal.


Penso com o coração...


A razão tem razão?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um pouco de Caio Fernando Abreu...

"O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS de se ter quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a), mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER."

"Eu ando muito infeliz, Duda, este é um segredo que conto só para você: eu tenho achado, devagarinho, cá dentro de mim, em silêncio, escondido, que nem gosto mais muito de viver, sabia? "

"Não que estivesse triste, só não sentia mais nada"

"Às vezes dá vontade de desistir de tudo, não sair mais de casa, dormir e dormir. Acabo sempre acordando cedo no dia seguinte, continuando tudo da mesma forma, na verdade não sei bem pra quê."

''Confesso! Às vezes tenho vontade de sair por ai destruindo corações, pisando em sentimentos alheios ou sei lá, alguma coisa que me faça realmente merecer esse meu sofrimento no amor.”

"Não é triste? perguntou. Você não se sente só? (...) sorriu forte: a gente acostuma."

"...Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio."

"E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros."

"Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem.


Amém!"

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pétalas Brancas

              Era domingo, e como sempre digo: “Eu poderia estar dormindo”, mas não...Estava indo ao trabalho. No caminho até o ponto de ônibus, o sono e a tristeza matinal, predominavam. Eu, colorida, num dia ensolarado, como se meu vestido transparecesse o que estava dentro de mim. Queria que fosse verdade, mas não era. Nesse dia em especial, não. Ah seria bom estar em paz!

Paz e amor tipo Woodstock, ou a paz de Jesus, ou quem sabe ainda as duas coisas (vai ver é tudo igual) Enfim...Só queria paz! E pedia isso a Deus. Pedia ajuda.Mas dentro de mim, só tinha amor. (Aquele outro lado obscuro do amor) Amor não correspondido, desprezo, silêncio e solidão.
Sentei num banco, para esperar o ônibus. Sentia meu estômago queimar: Náuseas de um coração machucado, com saudade e vontade de esquecer. Dor. Aquela dor linda e poética que inspirou muita gente que eu gosto. Caio F., por exemplo. E como ele dizia: “ Que ridícula a minha dor, comparada a dela...” Ele se referia à dor sujinha de uma prostituta. E eu me refiro à dor de todo mundo. Todo mundo que passa fome, sem teto, sem nada...(À dor de um homem em especial...Um homem que eu vi há algum tempo, na fila de um supermercado, pedindo ajuda para pagar uma lata de leite...) E eu...Com casa, comida, roupa lavada e com o carinho da minha família, e mesmo assim me sentindo abandonada e não menos culpada por isso. Não aceitava a condição de estar sentindo aquilo.
Dez minutos esperando o ônibus, eu e meus pensamentos angustiantes...E as pessoas “felizes” na padaria “Bom dia!”. Até que, uma borboleta veio em minha direção. Logo pensei: Como queria me sentir livre assim...
Ela pousou no meu pé! Pela primeira vez, eu não senti medo (sim, tenho medo de borboleta) E lá ela ficou...Fiquei observando-a, ela era uma daquelas borboletas pequenas, de asas brancas, como pétalas.
Quando olhei pra dentro, não sentia mais nada. Estranho...Meu estômago não queimava mais. Só meu coração batia diferente, aliviado. Como se aquela borboleta fosse Deus. Deus tentando me mostrar que a paz já estava dentro de mim, só faltava eu encontrar. Aí dei uma balançada de leve com meu pé, e a borboleta saiu. Ficou no chão. Não voava. Por um momento achei que estava morta, até fiquei chateada. Mas depois ela mexeu as asas.
Após vinte minutos, finalmente o ônibus passou. O velho conhecido motorista, sorriu para mim, e eu retribui com um Bom Dia, paguei ao cobrador, e sentei pensando na borboleta que ficara lá no chão.E pra minha surpresa, quando coloquei minha bolsa no colo, ela estava lá! A borboleta branca!
Talvez ela tenha se encantado com a minha bolsa colorida (pensando que fosse um jardim), e só. Já os místicos diriam que era um sinal. Um sinal de paz. De que a paz está comigo. Que eu sou um ser de luz...
Não sei, talvez...Só sei que me senti em paz e feliz naqueles 15 minutos no ônibus até chegar ao trabalho. Dei um leve toque na bolsa para a borboleta voar, e ela ficou na janela, observando as ruas vazias de domingo. Procurando alguém colorido como eu. E eu desci do ônibus, na esperança de que um dia, meu vestido resplandeça tudo o que há dentro de mim.
                                                                                                                                         08/02/2011

sábado, 14 de agosto de 2010

Penso, logo não durmo

Muitas vezes, antes de dormir, fico pensando no que as outras pessoas estão fazendo.
Já parou pra pensar?
Uns chorando, outros sorrindo...
Uns namorando, outros solitários...
Uns escrevendo, desenhando, dançando, tomando banho...
Outros se drogando, matando, roubando...
Há doentes também...Em macas, num corredor qualquer de um hospital público por aí...
Uns morrendo de fome, outros fazendo lanchinhos...
Uns rezando, outros pagando pelos ‘pecados’ alheios...
Tem gente chegando no mundo agora, tem gente indo embora...
E o mais interessante, tem gente fazendo amor. Já pensou quantas vidas estão sendo geradas neste momento? Sem querer...Sem culpa, e sem pedir pra nascer!
E aí, fico pensando também: “Tem gente pensando o mesmo que eu”. Se sentindo um desocupado, esperando o sono chegar, pra quem sabe ter uma noite tranqüila...Uma noite de paz.